sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Enquanto isso...

    Nunca soube esperar...
    Esperar me dá tempo de imaginar a situação, criá-la na minha mente e ver todos os lados como aquilo pode dar errado e foi uma péssima idéia... O pessimismo me domina, grita a burrice na minha cara...
    Enquanto nada acontece, põe um fim na espera a agonia de sofrer por antecipação me consome... piro...
    Tento me distrair mas a cada intervalo vem a situação outra vez...
   
       _ ... andando pela rua distraída... olhando para o longe sem ver nada de fato quando reparo em alguém familiar...
       Ele me reconhece... sorri e vem na minha direção... Paro congelada, pensando se era possível ele ler minha mente e descobrir que pensava nele logo agora... que não acreditei quando o vi do outro lado da calçada imaginando que poderia ser fruto da minha imaginação desejando vê-lo pessoalmente...
       Ele chega perto... tão perto a ponto de sentir meu coração disparado... Me cumprimenta desajeitadamente... ainda com aquela dúvida de como comprimentar alguém que já beijou... Beijo na bochecha? Selinho?... Ele prefere o caloroso beijo no rosto, daqueles demorados, que param o tempo e te dão vontade de virar o rosto...
       Ainda sem graça de encontrá-lo assim... sorrio e tento iniciar uma conversa leve... tentando achar brechas para a conversa tão adiada e aguardada... Tanto tempo se passou arranjando desculpas que finalmente tê-lo na frente e livre fez me esquecer de todas as perguntas que estavam na minha mente antes dele chegar...
       "Como vai a vida moço?" "Vai indo, sussa... e a sua?" "Bem graças a Deus!"... "Tá calor né..."
       O coração essa hora já não existe mais... tinha se transformado em trinta mil borboletas que brigavam pra sair de mim... Segurei até que pude... Mas não dependia mais de mim... elas já tinham achado o caminho da saída... Elas levaram com elas as perguntas que me atormentaram por muitos dias... Quase as gospi em cima dele... parecendo grossa...
        O espanto dele foi estantâneo... Hesitou um pouco na primeira resposta... desviou o olhar... Enquanto isso eu enfartava... alí... me mantendo firme... mas a cada segundo de hesitação dele eu falecia por dentro... Queria demais continuar com aquilo que tínhamos mas que não sabíamos o nome e nem como chegamos a tanto...
         Depois de anos esperando, já querendo retirar a pergunta e me enfiar num bueiro próximo ele suspirou... e respondeu um tanto relutante...
         "Nossa... Essa foi direta... Não estava esperando... Então... Respondendo a sua pergunta... "... _
    
     Nesse momento que sempre a realidade me traz de volta... 
    A cada minuto com tempo livre minha mente cria encontros... Vê possibilidades de respostas... De perguntas... mas... a espera... as desculpas... vão me consumindo e nada acontece a não ser na minha mente... na ilusão... sem nenhum pingo de realidade...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Insegura eu?


    Nunca fui do tipo de menina que agradasse a grande maioria dos garotos... Verdadeira; linguaruda; direta; sarcástica; corrosiva; meio gordinha sem cintura; cabelo cacheado torto e armado; extremamente tímida...
    Não fazer parte de um padrão quando você tem 13 anos é extremamente cruel... Sofri bullying... Rejeições... Eu me rejeitei... Como reflexo me fechei... até com amigos... Criei muros, muralhas a minha volta por achar que meus problemas eram insignificantes para as pessoas ouvirem...
    Gostava de garotos e os imaginava muito distantes de mim... e no final eles sempre riam da minha cara quando ficavam com as minhas amigas ou com as mais populares da sala... aquelas dentro do padrão de beleza...
    Esse muro foi crescendo, virando abismos de solidão... Ninguém mais me alcançava... E a insegurança fazia parte do pensamento diário... Por muitos anos foi o silêncio e a fantasia que me ouviam... o pessimismo era o único amigo que eu tinha... Minha realidade era fria... Por baixo das cobertas só me restava a ilusão que seria quebrada sempre que o distante abismo se tornava mais profundo...
    O primeiro beijo, aquele que geralmente é meio besta sempre foi super valorizado porque não tinha acontecido ainda... A vergonha vinha disso, enquanto as amigas já relatavam namoros eu nem sequer tinha beijado... Aos 17 anos ele veio, meio sem querer com um estranho que não sei o nome até hoje... Com o tempo fui me tornando mais e mais exigente porque se nada acontecesse nada podia me decepcionar... A verdade absoluta era que eu morreria sozinha e assustada...
    Com o tempo fui me conhecendo... Usando máscaras para evitar a verdade... Me tornei a mais engraçada do grupo pra não ter que mostrar meu lado triste... Nunca aceitei elogios porque nunca achei eles verdadeiros, se eu não enxergo, porque você enxergaria?... Comecei a rir com facilidade pra não ter que chorar e evitar perguntas... Nunca acreditei no amor porque ele nunca existiu pra mim... Sem querer virei a amiga... nunca aquela que vira a namorada...
    O tempo foi me tornando menos dura, mais forte e experiente... Mesmo assim tudo aquilo da pré adolescência estava ainda em mim... Está...
    O ciúmes não é algo que me pertence... é um tanto bizarro alguém tão insegura e fechada não ser... mas não me pertence, nunca me pertenceu... Sei a força das amizades independente do sexo e convenhamos... ciúmes nunca impediu ninguém de trair...
    Sempre soube - não sei como - separar a minha insegurança do ciúmes... Não é isso que me atinge... a realidade me detrói muito mais...
    Esse abismo entre eu e todos os homens ainda é imenso... ainda conservo aquela menina que não acredita que um garoto possa gostar dela com todas as suas imperfeições... Quando algo acontece... quando gosto de alguém e ele não gosta de mim tudo volta... Muito maior e muito pior...
    Esse medo é crescente... Me expôr é muito difícil... Estar vulnerável... não sei ser assim, não posso ser assim, não aprendi a ser assim...
    A independência foi exigência das circunstâncias... Olhos são muito profundos... Por isso os evito...
    Insegurança é a maior parte de mim... A parte dominante quando se trata do coração...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O que dizer?

    A vida travada traz tudo em evidência... Aumentada por lentes muito potentes... Mostrando tudo muito maior e mais difícil do que realmente é...
    A vida não segue... me estagna... Me prende... enquanto nada acontece enlouqueço... emputeço... Me fragilizo... Ganho horas a mais pra pensar no que não deveria... horas que se arrastam e parecem anos inteiros... Décadas melancolicas rodeadas de pessimismo...
    Tudo era bem simples... Seríamos nós dois por momentos e o tempo correria... Não encanaríamos com mais nada... O compromisso não existiria e seríamos completos enquanto o momento durasse...
    Mas a vida travou... me deu tempo para pensar... aumentou tudo... piorou tudo... Comecei a ver coisas que não existem... Perspectivas tortas... me coloquei em ângulos confusos que não fazem sentido nenhum...
    Quase enlouqueci... Precisava dizer... Colocar pra fora tudo que se passava aqui dentro...
    Foi arriscado... sei que não é do tipo de abordagem que você gosta... Mas com a loucura tão perto não era o tipo de preocupação que eu tinha em mente...
    Agora... depois da loucura... vejo com mais clareza que não tem o que lhe cobrar... Não havia nada antes muito menos agora...
    Não tem o que me empolgar... só o pessimismo me restou...
    Ainda vou enloquecer... Vou explodir e espero que você esteja perto pra ver e sentir...
    É um erro me limitar as minhas fraquezas... sou maior que essa carência... mais forte que essa falta que aparentemente você representa... mais lúcida que essa loucura... Mais independente que esse romance
    Mas...

    Mas... Encanações sempre terei... Aprenderei a conviver com elas e não compartilhá-las (Compartilhá-las com nomes...)

    Nada fará sentido até que um de nós dê o sentido...
    Enquanto isso minha vida segue travada...


*Para melhor entendimento leia os textos anteriores...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Desenhos... Destino...

    Quando você chegou eu era uma confusão... enterrava problemas, camuflava solidões, disfarçava em sorrisos o vazio que me dominava... Foram tantas máscaras que quase acreditei naquilo que não era, que não sentia...
    Então você apareceu... e não fez nada... não mudou nada... foi mais um como vários que conheci e nada significaram... Mas as coincidências te trouxe pra mais perto... muitos encontros que até então nem me lembrava quando e porque tinha te conhecido... Até que um foi decisivo... Encontro esse que pregou bem lá no fundo da minha mente quantas vezes o acaso nos cruzou sem que nada mudasse...
    Tentei me controlar, não viajar em ilusões que distorcesse o fato que foi uma vez só, uma noite e nada mais profundo do que a carne... Não passaria disso, você deixou sutilmente claro quando se despediu aquela madrugada... Mesmo segurando qualquer impulso eu deixei que minha mente brincasse pelos talvez... pelos "e se..."
    Quando nos cruzamos mais uma vez pelo acaso (com a ajuda de nós mesmo dessa vez) foi um suspiro do irreal podendo acontecer... Mais uma vez após a despedida da madrugada tentei me conformar com o carnal... nenhum envolvimento além daquele seria possível e o tempo que se passou após foi bem claro... Era preciso esquecer... deixar rolar... fazer com que o tempo apagasse qualquer tentativa de ilusão... Quando quase venci o destino resolveu me sacanear e trazer você... aquele que nada tinha mudado pra mudar tudo... Pra ser aquela falsa esperança que não me deixa dormir ou seguir em frente...
    Foram muitos acasos... Muitos encontros não planejados... Como não encarar isso como um aviso divino do universo nos dizendo que era preciso ir mais a fundo... Aprofundar laços além da carne... Além do que eu poderia supor... Expectativas já cresciam sozinhas sem qualquer incentivo ou alimento... Era muito pra deixar morrer... eu não podia... não posso...
    Mesmo em pedaços de confusão, sem saber o que sentir hoje você e o universo significam algo... Um apego excessivo... Paixão... Carinho... Não sei rotular... só sei que é mais forte do que eu queria que fosse... Como abrir mão de tanto mistério? Tudo tão excitante e desesperador... É o novo... que move minha curiosidade... Tudo isso... Só isso é você... Aquele que não mudaria nada, não significaria nada... Significou tudo... Mil batidas a mais no meu coração... Noites mal dormidas...
    O acaso não me permitia desapegar... mas como não fugir da ilusão? do pessimismo? da realidade que sabe ser muito cruel?
    Você deve seguir muito alheio a tudo que penso e sinto... Mal deve saber de nada... Não consigo dizer te... Demonstrar por palavras, gestos... Nada... Bloqueio... Mascaro... Finjo... Não olho... E uma vez alheio... Uma vez indiferente a vida segue... outros acasos lhe vieram... Outras te mudaram... te fizeram tentar enquanto eu fui aquela que nada foi... nada é... Natural...
    A realidade veio e mostrou que o desapego é preciso... que o acaso nem sempre é destino... que destino nem sempre quer dizer algo... nem que será algo... simplesmente passa e nos prega peças... e nos deixa assim... Com nada mais que ilusões e expectativas falsas que não irão se concretizar...
    E tudo volta ao normal...
    Sou uma bagunça maior... Uma confusão que agora não sabe enterrar problemas porque não há mais espaço... que não camufla ou disfarça nada porque perdeu essa capacidade com você... Que não sabe que máscara colocar porque não sabe mais o que tem por trás delas...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Como não criar expectativas?

Nunca soube essa resposta... sempre criei ilusões demais... imaginei além do pouco que sabia e me decepcionei com a realidade cruel que sempre confirmou mais meu pessimismo do que qualquer outro sentido...

É sempre onde acabo... sempre digo a mim mesma que não posso criar ilusões, falsas expectativas, que preciso deixar rolar... Mas aí quando vejo minha mente já criou dois mundo que sem meu consentimento vão evoluindo até beirar a loucura.
Um mostra como seria se toda aquela ilusão fosse real, se realmente fosse tudo como eu desejasse. É sempre muito exagerado e extremamente irreal... Cria borbulhas dentro de mim pedindo pra sair e ser autêntico.
O outro beira a crueldade, mostra como tudo pode dar errado e como me deixará infeliz e mais fria quanto à tudo. Ele grita toda vez que algo acontece numa voz bem grave que diz "EU AVISEI!"...
Muitas vezes eles se fundem num só pensamento onde o primeiro ato tudo é um mar de rosas e antes que tudo possa parecer bom demais pra ser verdade vem tudo de ruim que poderia acontecer...

Quando acordo ainda tudo isso me polui... Sofro por antecipação ao mesmo tempo que flutuo enquanto a realidade, alheia a tudo, me espreita até me fazer cair e dizer... "Nada acontece... é sempre o mesmo... Porque você ainda passa por isso?"

Cada ponta de realidade é uma facada até que eu morra de hemorragia lagrimal...
Mas a cada novo suspiro da novidade que vem e me enche os pulmões de curiosidade tudo acontece de novo um ciclo que aparentemente nunca vou aprender a pôr um fim.